Dias atrás observando uma funcionária
limpando uma residência quando estava em visita profissional, me lembrei de uma
citação do filósofo Gaston Bachelard no livro A Poética do Espaço. Há um
trecho onde ele se refere à arrumação da casa e a limpeza dos objetos que nela
estão. Assim, decidi dividir com vocês essa interessante passagem onde ele fala
sobre o polimento dos móveis.
...... No momento em que acrescentamos
um clarão de consciência ao gesto maquinal, no momento em que fazemos
fenomenologia esfregando um velho móvel, sentimos nascer, sob o terno hábito
doméstico, impressões novas. A consciência rejuvenesce tudo. Dá aos atos mais
familiares um valor de começo....... quando com um paninho de lã, que aquece tudo o
que toca, passa um pouco de cera aromática em sua mesa, ele cria um novo
objeto, aumenta a dignidade humana de um objeto, integra o objeto no estatuto da casa humana........Os objetos assim acariciados nascem realmente de uma luz íntima;
chegam a um nível de realidade mais elevado do que os objetos indiferentes, que
os objetos definidos pela realidade geométrica. Propagam uma nova realidade de
ser. Assumem não somente o seu lugar numa ordem, mas uma comunhão de ordem.
Entre um objeto e outro, no aposento, os cuidados domésticos tecem vínculos que
unem um passado muito antigo ao dia novo. A arrumadeira desperta os móveis
adormecidos .......... G,Bachelar - A Poética do Espaço, page. 80 parágrafo
terceiro.
Por isso manter a casa e o local de trabalho limpos arrumados e livres
de entulhos reduz o risco de armazenar energias negativas e impedindo que a
energia positiva flua melhor nos ambientes e em nós.
Esvaziar os espaços de coisas inúteis, remover os objetos
danificados, sem uso ou simplesmente amontoados, são atitudes liberadoras
porque nos ajuda a libertar o passado e também nos afastar da depressão,
simbolizando a volta a nosso Eu. Miguel Angel
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